O vilarejo simples embrenhado no meio da floresta com suas trilhas avermelhadas e coberto por uma cabeleira gigante de árvores era o cenário diário, ao se esconder, o sol sempre reluzia raios dourados sobre a região de casarios, momento mágico, onde os desejos e anseios se miscigenavam com a realidade bucólica do lugar.
Constantemente eu escorregava de forma perigosa pelo barranco íngreme, lamacento e de vegetação rabugenta do rio perigoso e caudaloso, tudo isso para reunir os feixes de luz, aquela imagem ímpar do magnífico astro rei dourado, os raios que fugiam e penetravam pelas copas das árvores gigantes cobriam de luz amarelo-ouro toda a paisagem selvagem da localidade.
O murmúrio das águas correndo apressadas por entre as pedras perigosas e afiadas davam o tom do infortúnio que era navegar por aquelas corredeiras agitadas e profundas, que caprichosamente contornavam a superfície reluzente do grande rio, formando um balé sincronizado e rudimentar sobre esses rochedos milenares.
A repetição perigosa e cotidiana da ação valeu a pena, com um clique magistral a foto foi tirada, roubei um tesouro efêmero, rápido e que certamente não se repetirá nunca mais nesse lapso de tempo chamado vida, o tom dourado do contorno da vegetação virgem e imponente do lado oposto do colossal rio, ficara gravado na lente da câmera e nos olhos ávidos e ariscos de seu observador, o momento de êxtase e de transe marcou aquele episodio.
O lindo quadro pintado e emoldurado da paisagem, não se limitara somente ao pôr do sol, o conjunto harmonioso e selvagem do vilarejo, entregava de forma indubitável o responsável por tudo aquilo existir, certamente não se tratara de obra humana, mas de nosso Arquiteto Maior, Deus, que na sua infinita e irretocável sabedoria, criara a majestosa harmonia natural do lugar, um perfeito e sincronizado sistema de vida consonante com a mais perfeita felicidade de seus entes.
Esse espaço geográfico esplendoroso fingia não se importar com sua imponência viril, mas fazia questão de se fazer presente em nossas vidas, recebendo o brilhante luminar de sol e sua desejada temperatura, aquecida e imponente, transformando em desejo permanente o existir da paragem.
O exuberante pôr do sol certamente se repete em todos os lugares do planeta, não com aquela perfeição, mas com todos os tons dourados possíveis e imaginários esparramados pela superfície infinita do universo, onde seus habitantes que têm a feliz oportunidade de enxergá-lo sentem-se privilegiados de participar desse momento mágico e único, pois a avidez de instantes felizes nos dias de hoje é desejo enorme de todos nós, homens e mulheres.
Saudoso, desse momento real e verdadeiro, narrado de forma utópica e imaginativa, banho-me de satisfação e felicidade por saber que em todo e qualquer lugar que estejamos felizes e comungados com os princípios divinos, de agregação, de solidariedade, de irmandade e de respeito à dignidade humana serão e terão sempre seu pôr do sol dourado, esplendoroso, magnífico e diariamente diferente, jamais igual nos seus tons de luz e de esperança.