Gosto da palavra solta,
duma forma quase vadia.
Correndo descalça na rua,
iluminando à prosa nua.
Gosto quando é alegria,
quando é sábia e tonta.
Gosto da palavra dita.
Gosto da palavra muda.
Me cativa a palavra,
palavrinha ou palavrão.
O importante é que traga
verdade do cu ao coração.
Gosto quando vem sem jeito,
sem transitivo ou subterfúgio.
Quando gagueja algum artigo
para invocar um pretérito
que não é mais presente.
Quando discorda do tempo
tornando tudo imperfeito.
Do dividendo poético
ao ritmo no alfabeto.
Ponho tudo no infinitivo,
simplesmente vivo.
Sem ligar para limites,
ou cálculos de integrais,
quimeras sobre tangentes.
Prefiro pratos com cereais.
Gosto de palavras a dizer,
assim como gosto das folhas
sem vergonha alguma de ser.
Sou fruto de poesias secas.
Gosto de sinceridade, de olhar a pessoa e saber que ela está a me olhar. Mas a falta dela me deixou um tanto seco.