Vejo-te, vento, roçar as asas, levemente, no copado dos serranos pinheiros altos e os seus ramos, são hábeis teclas de clavicinos. Ouço-te, vento, tocar melodia dolente embebendo os ares de vivos sobressaltos, de sons graves, qual eco de belicosos hinos.
Que murmuras, Vento? Sussurras de amor? Decerto... Suspiros de dor remota em lugar infausto, cativeiro desértico de ninfa demente. Pára, Vento, teu sibilar. Lanças-me, incerto no vazio da razão. Já o espírito é exausto pelo rodopio. Pára a tua viagem fugente!
Porque me invectivas, vento, de estupidez? Por me ser a tua tocata incompreensível ou a minha alma não vergastada pela emoção? Pára, Vento, e diz-me - não ouses de cupidez – em viva voz, porque fugiu ela, a insensível, para longe e me despedaçou o coração?
Ah! Meu companheiro Vento, Arauto do Norte! Voa célere. Entoa os cantos aos que, sem sorte, respiram a solidão, alimentam sofrimentos. Ah! Bom Amigo! Sustém a jornada, por momentos, narra o amor traído, a dor e os tormentos desta alma dorida, esperando a Morte!