Empunho a lâmina sem hesitar
e lentamente faço mais um corte,
a minha carne essa não pára de sangrar
enquanto a minha alma tresanda a morte.
Escorre o sangue aleatoriamente
e com ele escorre a minha força vital,
é triste mas não é um acto inconsequente,
este sempre foi o meu destino final.
E começa a dor a adormecer
enquanto o sangue continua a jorrar,
na minha mente, as pessoas que tentei esquecer,
no meu corpo, as marcas do meu pesar.
Assombram-me os rostos do passado...
assombra-me cada momento e acção...
e eu sinto-me apenas encurralado,
sem esperança, sem salvação.
Pergunto-me no tempo que me resta
o que será deles enquanto o Tempo passar...
sorrio, porque já não interessa,
nessa altura já não vou cá estar...
E já nem de mim se deverão lembrar,
serei no máximo uma dor adormecida...
e ficarei feliz se os vir ultrapassar
porque sei que não seria uma dor merecida.
E que todos consigam sorrir e seguir em frente
pois a minha morte será apenas passageira,
viverei nas vossas mentes eternamente,
e espero que percebam que não havia outra maneira.
- 20 de Junho de 2015 -