"Have to dive into my fantasies
I know as soon as i'll arrive
Everything is possible
Cause no one has to hide
Beyond the invisible"
...Inocência, algo que se perde, dizemos nós, com a idade. Será que é mesmo assim? Será que perdemos mesmo essa forma de ser enquanto caminhamos pelos anos da vida? Quantas vezes olhamos para trás e reparáramos que realizamos determinadas acções com a inocência de uma criança que apenas agora começou a dar os primeiros passos! Oferecemos aos outros, nessas alturas, a maior pureza que temos, a maior dádiva que temos dentro de nós, partilhamos as chaves das nossas defesas internas, colocamos a nossa alma e corpo numa bandeja de prata e dizemos "é tua, toma-a!", sem que qualquer medo nos venha daí. Nessa altura viajamos para além do visível, do impossível, sonhamos acordados, tornamo-nos crianças, alheias ao mundo, alheias à dor, à saudade, à distância, ao medo - voltamos à idade da inocência, a criança volta a viver em nós!
"Close your eyes
Just feel
and realize
It is real
and not a dream"
O momento eterniza-se no tempo, guarda-se na memória de longo percurso, a imagem que nos faz reviver idades perdidas, eras em que éramos nós e o mundo, em que apenas vivíamos para o saltar da cama com toda a energia da vida e corríamos para a rua, felizes, porque estava um belo dia de Sol. Um dia em que apenas queríamos brincar, correr, saltar, ser e viver como crianças que éramos!
Com a idade a avançar vamos esquecendo dessas emoções de apenas existir para viver. Esquecemos-nos de fechar os olhos, das sensações do corpo exausto pela alegria do dia, varre-se da mente os pequenos nadas que nos preenchiam por completo, da forma sincera como se sentia o outro, o amigo, a amiga, como acreditava-mos, piamente, nas histórias do Papão e da Cinderela, como era bom receber um abraço meigo e sentido de alguém que gostávamos, sem medos, nem complexos.
É tão bom quando conseguimos voltar a ter essas emoções de inocência, quando deixamos que a criança renasça, acorde, que olhe o mundo com a simplicidade que se deve ver e olhar. É tão único tocar no que nos rodeia e faz sorrir de uma forma pura, sem intenções de nada, apenas dando e recebendo o que para nós e para os outros está destinado. É tão surreal conseguir deixar permanecer, nos nossos horizontes da memória, as imagens que nos fizerem sorrir com o olhar. É tão especial voltar a acreditar que tudo é possível, tudo, mesmo para além do invisível - porque afinal, mesmo depois de morrermos várias vezes nesta era da Terra Média, continuamos a ter em nós, a inocência de uma criança (não desaparecida com a idade, apenas adormecida com o tempo).
Porque tudo é possível...nem que seja apenas no teu próprio mundo, aquele que partilhas como criança a quem te dás!
porque tudo é possível quando voltas à tua inocência!
"Quanto maior a armadura, mais frágil é o ser que nela habita!"