Iovan recuperava na inconsciência bem-vinda dos medicamentos até a um doloroso e incerto despertar e contínua prostração em torpor. O seu espírito vagueava entre a linha ténue da vida e morte. De repente, algo dentro de si, o fez abrir os olhos e estudar o ambiente onde se encontrava. Nenhuma ideia possível depois do ataque que fora vítima. E seu olhar percorria tenso e inquiridor, meio desperto, o ambiente até que embateu na figura feminina deitada no catre a seu lado... Linda, pensou, mas tão pálida, quem seria? Tentou erguer-se e lancinantemente desfaleceu sobre a cama. Ai! – murmurou – isto dói... Tentou, mais calmo, recuperar a respiração arfante. O seu peito parecia emparedado em feixes de dor. Para se abstrair dessa dor, passeou o olhar na jovem, sem pudor algum, delineando-lhe as linhas do rosto e corpo lentamente como se absorvesse cada traço. O seu olhar insistente fez despertar a jovem que corou e, num salto ágil de gazela, fugiu do leito. E no decorrer do tempo o vigor, a mocidade e o amor implantaram-se e renasceram. A amizade curiosa inicial transformou-se num apaixonado enlace. Lírio e Iovan amaram-se até à eternidade, como sonhavam… Mas os ventos da desordem pululavam inquietos...
Epílogo:
E o cavaleiro, montado no seu cavalo branco, partiu sem se voltar, omitindo as emoções.
Lírio, qual estátua no cimo do monte, acompanhou com o olhar a figura de Iovan até esta se perder no horizonte.
Apenas a sua mão direita esboçou um gesto de adeus e a sua mão esquerda repousou sobre o ventre ainda liso. Seus lábios tremeram num sussurro: - Adeus, Iovan, meu irmão, meu amor eterno... Levas meu ser em ti e eu...
O resto do pensamento encerrou-se em si e não foi mais transmitido aos seus lábios, agora finos e cerrados, numa tristeza infinda.