Meu Lírio
"Meu doce lírio, minha amante
Eterna dos campos em flor,
Vestida de cetins azul
E branco alvo como neve.
Tão dentro de mim, mas distante
Nos campos verdes do sol-pôr,
Cativa nas terras do sul,
Fustigada por brisa leve.
Meu amor, meu lírio rosado,
escrevo-te com o coração
desfeito de dor e do teu
desejo que desiste de viver.
Ouvi dizer que nesse prado,
gerado pela ilusão,
da harmonia e da beleza,
as flores teimam em morrer.
Os asquerosos germes,
de odio e de raiva,
foram-lhes traiçoeiramente
lançados, vergando-as sem dó.
E os perfumes inebriantes
Que em voluptuosa dança,
Eram ofertados à mente,
São insípidos grãos de pó.
Não morras minha terna flor,
não te curves à voragem
das chamas, em redor,
vorazes, cuspindo cinzas na raiz.
Mas se no meu coração a dor
de te perder surgir, coragem,
arrancá-la-ei com tenazes
e lhe gravarei a tua flor-de-lis".
Poet@ sem Alm@
João Loureiro
Bósnia e Herzegovina, Julho/1999.