É como se fosse um daqueles diques,
como um contentor para a água do rio não transbordar.
Não sei. Há tempos não vejo um desses.
Mas é assim que vivo. Sempre a conter.
Conter a mim mesmo.
O querer, aquela, pois só vejo ela.
Sinto, eu aqui, a renunciar.
Não deixo um dia sequer passar:
de chuva, calor, colorido ou cinza.
O que faço é isso. Renuncio.
Pela ordem social, pela culpa, pelo medo,
pelo dia nublado, por amor também, não faço o obvio.
Então, mato um pouco de mim,
mato um pouco a esperança,
Não tenho mais para onde voltar.
Os dias chegam, prometem mais,
como sabem, desisto deles.
Espero alguém ou algo, fazer o que não faço.
Renuncio de novo,
renuncio o sonho,
desisto de mim,
morro mais um pouco.
Todo dia.