MINHA ESCRITA
Eu escrevo p’ra eu me ler.
P’ra mesmo sem ser eu ser;
Por minha necessidade...
Escrevo por escrever:
Exacto porque sequer,
Pretenda alguma verdade.
Mas, sem saber quase nada,
Não tenho opinião formada
Tampouco vária intenção.
Se até de emoção forçada
Ou pela razão errada,
Escrevo por intuição.
Quanta pena em minha pena,
Quando a vida entrar em cena
E actuar seu mesmo drama...
Que é história tão pequena
Que talvez não valha a pena.
Decerto não vale a fama!
Poeta, não me maldigo,
Mas a aurora que persigo
Já não cabe n’essa folha.
Que Deus me pague o castigo,
Pois, de mim para comigo,
Escrever não dá escolha.
“Muito riso e pouco siso”...
De tantos ouvi o aviso,
Mas não me aprouve mudar.
Escrevo porque preciso,
Pois, sempre de sobreaviso
Tal é o afã de poetar.
Belo Horizonte - 02 07 1995
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.