Prosas Poéticas : 

No curso do amor

 
 
Antes de o ser

já o vento transportava

toda a minha inspiração

algemada num sopro de vida

prá lem das fronteiras que nos

separam, implacáveis

impreteríveis


- As rotas seguiam

o mesmo rumo de sempre

marginais à maresia

em constante dessalinização

nos mesmos mares

navegantes,profundamente

emocionados no curso do amor

esquecido entre risadas

e conversas errantes

deixando pegadas impressas

no tempo indestrutível

que falece porém de tanto tédio

quase insuportável

deixando teus beijos como fragmentos

quase imutáveis, calientes

decerto inigualáveis


– Assim nos contentamos

repletos de brisas repentinas

perfumadas em nós

alimentando-se recíprocas

a cada soluçar da noite

que se revela tácita

neste exíio onde pernoito

sossegando todo o apetite

que na alma

desespera por teu zelado açoite


- Vem e rega meus olhos

com sortidos sorrisos

que trazes excitante em ti

Devora-me cada minuto

que morre no limite do tempo

Apressa-te

precisa, matematicamente teórica

exactamente meteórica

Doa-te ilimitada até que

nossos seres satisfeitos

calculem na aritmética precisa

como exponenciar cada lei que rege

o cálculo da felicidade, sem diferenciais

apenas só geometricamente integrais


– Que se transfundam de amor

nossas fusões de vida tão fértil

Que se apressem a corrigir

toda a álgebra infalível

algemada neste hospício onde

me empanturro de solidão

até jorrar em nós

a prematura estucada de vida

em poemas premeditados

arremessados neste improviso

quase refém

de um hábil silêncio

que derramo em espasmos

de espanto feroz, indomável

em que me vicio


– No curso do amor

desfruto assim em exclusivo

desse teu ser vagabundo

quase irrecusável,

depois da ressaca onde recriamos

nossas semelhanças

fecundas

nossas existências quânticas

rugindo no dorso deste poema

derradeiro, possuído de palavras

embebidas na delicadeza

dos nossos anseios

FC

 
Autor
Frederico
 
Texto
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