A tempestade rebenta de fúria, arremessando ondas nas fragas, o vento acossa-me de lamentos. Relampejam as luzes de festim, anunciando pesadelos; lágrimas se vertem do céu negro em desdita.
Todas as dores me são reveladas, ribombam urros da solidão imensa e eu sou açoitado de sal revolto. Ouso gritar ao mar bravo desdém, se me traz tais ventos tenebrosos, porque não me levas nos destroços?
E o mar escala a falésia ferida, banha-me de desprezo e se afasta rugindo maldições e desventuras. Ouso sussurrar ao mar bravo penas, que me devoram cruéis as entranhas, porque me negas novas de meu amor?
Porque me negas, mar bravo, a morte de meu corpo gasto e fétido sem alma? Que horrores me reservas na catacumba da insanidade de mim, seu prisioneiro? Quantas lágrimas - que já não possuo – me exiges em resgate pelo sorriso dela?
Nesse desalento, sucumbo por fim exausto, o mar bravo foge desordenado no horizonte, o vento adormece por fim e o céu negro, de negro, se desvanece num cinza dourado. Olhando em redor, na branca rocha gasta, uma bela flor silvestre recorda-me de ti!