A razão é sozinha, não precisa de amparos:
Se o que é, chamo de ser
O que não vai ser, ser não será
Os conceitos fazem-se tão claros!
Ninguém o vai duvidar.
Se, ao mesmo tempo, ser e não ser é contradição
Haveria, então, o livre poeta qualquer condição
De a tudo isso mudar? Por exemplo...
Que a grandeza do mar não vá ser mar, quem o vai entender?
Quer dizer, como conceber um não-mar: a-mar?
Ah, a isso já responderia o poeta todo risonho:
"Ó pobre razão! Se ao menos isso fosse matéria do teu entender...
Mas nada disso eu suponho! Em verdade, até te contraponho:
Ora, não vês que por aqui não tens lugar? Ralha-te então, ó entendimento finito!
Pois o inexplicável a-mar é matéria do sentir, do doce apaixonar..."
E do fundo do peito, contra a razão, o poeta dera um grito:
"Sim, do sublime e do infinito!"
Dei uma ampliada num poema que já tinha escrito com essa mesma brincadeira-relação: mar e a-mar.