Nas tuas madrugadas, quase auroras, e nas tuas noites escuras como breu, vergastadas pelo gélido vento norte, trepo ao monte e reclino o meu corpo no tronco duro de uma árvore despida perscrutando a tua cabana silenciosa.
As horas dolorosas de recordações desfilam até o raiar do dia enublado e os meus pensamentos voam céleres amargurando a tua eterna ausência.
Relembram os dias de sol afogueados de tanto corrermos para os braços um do outro; os beijos da doação de nossos corpos sempre enlaçados.
Mas as tempestades cercaram o desejo; ventos uivaram-nos ciosas danações, a chuva enregelou-nos no mais íntimo, os raios lançaram as sombras da dúvida. E partiste... Tomaste a tua liberdade, porque deste amor te sentias cativa.
E as minhas noites e madrugadas frias invertem-se das tuas, presas no infinito. A mente nega-se a emanar desejos e o meu corpo apático rasteja, febril, ao desejo de nada fazer, nada sentir, excepto meus olhos que te procuram.