MOMENTO DE CRIAÇÃO
As águas correm serenas colhendo atalhos.
Meu pensamento é levado pela correnteza
E, adiante, é arremessado pelas cascatas
Que embelezam o cenário da paisagem.
Extensas cachoeiras derramam cristais
Transparentes à retina do olhar humano.
Minha audição capta sibilos variados
Das aves que gorjeiam suaves e felizes.
Intensa sensação de conforto jaz no íntimo
E me deixo perambular pela imaginação
Que produz efeitos inacessíveis à compreensão,
Porém perfeitamente assimilados por meu ego.
Meu olfato se deslumbra perante néctares...
Minha consciência torna-se depósito de imagens
E me sinto prisioneiro da criatividade que aflora
E traz a mim um assédio de aventuras nas palavras.
Tomo do lápis e do papel. Escrevo. Descrevo.
Desenho através dos vocábulos puras sensações
Que me elevam ao infinito através das ideias.
Um mundo novo se descortina à minha face!
Encantos! Devaneios os mais coloridos surgem
Dando à minha dissertação invólucro sutil,
Mas eivado de emoções pungentes que declinam,
No rabiscar da folha, a fertilidade do tear artístico.
Longa ou curta metragem... Não importa!
Interessa-me quão sedoso é o pensamento,
Quão bela é a certeza de fracionar-me, doar-me,
Dar aos hemisférios do produzir, causas e efeitos!
E o diagnóstico final da empreitada é reluzente,
Deveras radiosa torna-se a vida, posto que também
Se vive agregado ao ambiente natural... Liberdade!
Um vagão de notas circula em mim. Alegrias tantas!
Permito que meus olhos virem quedas d’água...
Identificação plena... Suntuosidade da criação,
Sentença perimetral que fundamenta a arte...
Inteira absorção dos valores que permeiam a natureza!
DE Ivan de Oliveira Melo