Para isso terás de me trazer
Os anos do meu próprio devir,
Quando uma fonte de canções a nascer
Brotava em mim sem se extinguir,
Quando névoas me escondiam o mundo
E inda o botão milagres prometia,
Quando eu as mil flores colhia
Que enchiam o vale até ao fundo.
Não tendo nada, bastante tinha então:
A sede de verdade e o gosto da ilusão.
Dá-me de novo as paixões sem temor,
A funda e dolorosa felicidade,
Do ódio a força, o poder do amor:
Traz-me de volta a minha mocidade!
Johann Wofgang von Goethe, o grande poeta e pensador alemão (1749-1832), trecho de "Fausto".[tradução João Barrento]. Lisboa: Relógio d'Água, 1999, p. 35.
Goethe foi um gênio universal, entre sua vasta obra há inúmeras peças dramáticas, como o célebre Fausto, romances, contos, poesia lírica, cartas e descrições de viagens, assim como estudos de ciências humanas e naturais.
Imagem: Pedro Américo - "Fausto e Margarida".