Amordaçado em questiúnculas díspares de uma mulher possessiva, eis-me aqui, nu de alma e nu de coração, rasurando, de verso a verso, de estrofe a estrofe, esta minha raiva incontida pela injustiça, sem a esperança num futuro fidedigno.
Os laivos da incerteza cravam-se insanos nas dores das minhas vãs lamentações, ferinos, vorazes, sugando-me o sopro vital, guerreando-me a tímida paz de espírito, perante rameiras, senhoras da mentira, ornadas de véus de tentação enganadora.
Rasgam as folhas, por mim, rasuradas do erro lavrado no meu coração vazio de emoções, cercado dos grilhões férreos armados de ódio, que me laceram vorazes a alma e me cativam nas mil traições enredadas de falsos dramas enleados como hera bravia sobre a vossa alma.
Minha boca está amordaçada de sujos farrapos das recordações transformadas em pesadelos. Meu sono solitário está deserto de sonhos ternos, mirrando na secura das mil e uma promessas fúteis. Meu ser estrebucha clamando pela morte fatal pa ra que a vossa vitória seja só uma fria derrota.
Sediam-me na sombra da inveja galopante que irrompe das veias secas de compaixão e do sangue doado generosamente ao amor. Cavalgam, em tropel, outras vontades alheias que vos massacram os sentidos exaustos, e vos negam de ti na percepção total da verdade.
Mas a esperança, agora ruída, não morre nunca; mais bela, outra amazona-musa virá libertadora, quebrará minhas cadeias e beijará, docemente, a minha boca ferida de vossos tumores malignos, curará as minhas mãos de poeta com suas lágrimas vertidas de seu amor eterno e vos expurgará de mim!