Prosas Poéticas : 

Peregrinação

 
 
Enlouquecemos nossos seres

intimidando até

mil devastadas sombras

tremendo escorregadias

lúdicas

repercutindo todas as

sinfonias peregrinas

onde perplexos consumamos

a vida prenhe

saborosamente sublimada


– Fugimos atados ao tempo

cruel

saturado de promessas

ausentes

revisando no vento

outras visões estreitadas

pela cegueira danada

ferida

velada no breu da noite

que acontece sedando

de insónias o esplendor da vida

que se esvai

metade em mim

exacta matriz unindo duas

almas em nós

conciliadoramente esfaimadas


– Perdi-me em mais um dia

triste

a milhas daquela aura

onde cuidámos serenos

da luz pintada em raros versos

de amor

talhados em rubras melancolias

de beleza incalculável


– Saboreei teu tempo ameno

enraizando pedacinhos da noite

que flui álacre

exalando sem malícias

a cura de amor

que revive cismado

por tuas travessuras inconfundíveis

num eclipse entre luares

e sois perdidamente

apaixonados


– Vou raptar esta paisagem

onde inconformados cavalgamos

tantas ondas possíveis

temperando com carícias desalmadas

este poema em peregrinação

desatando de vez

as marras de uma alvorada

que se apressa no dia

iluminando de enxurrada

até a vida inanimada


– Percorri o tempo incessante

suavizando o fino horizonte

onde plantámos olhares de afecto

emocionado

cânticos desaguando revigorados

na praia que se despe em ondas

de amor ousando até demasiado

pacientemente sonhando-nos

lentamente pulsando

infatigavelmente o amor alucinando

FC

 
Autor
Frederico
 
Texto
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