GUERRA DE TERRA
Éramos só uns meninos
No alto do morro pelado.
Ainda bem pequeninos,
Sonhando grandes destinos;
Indo brincar de soldado.
Quando pela leira solta,
Com grandes torrões de terra
A gente armava a revolta,
Dando altos brados de guerra
E bombardas a tudo em volta.
Salpicar de barro e pó
Tantos rostos bem em cheio...
Quando a alegria é tão-só,
Ao chegar no alto e no meio,
Jogar mais terra sem dó!
Pois, se acaso se acertava
Algum torrão na cabeça
Ninguém lá se machucava.
Ia sim jogar com pressa:
Torrão de volta mandava.
Assim, sem eira nem beira,
Se avermelha a pele ao chão.
Levantando tanta poeira
Que impregnou meu coração
P'ro resto da vida inteira.
Belo Horizonte - 12 06 2015
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.