Um dia, um espelho, corroído pelo tempo, reflectirá teu rosto, pejado de velho rancor de ti, sem compaixão.
Rosto vincado de amargura, da incerteza cruel imposta, na insanidade crua da mente deturpada de razões obscuras e de verdades contrafeitas.
Teus olhos sofrerão o pesadelo da quietude facial vincada por esgar de agonia incontida que cerra os lábios frementes e te negam o gemido e o choro.
Queda, interrogarás sem conta, numa tortura pertinaz da imagem, devolvida pelo esconjurado luar invasor das janelas poeirentas, o espelho enojado da tua nudez.
Quantas traições te foram doadas? Uma, duas, três? Mais? Ou nenhuma? E, louca, atacarás a imagem difusa, que, em doce vingança, jamais dirá de dó, a certeza à questão viperina.
Doce vingança, será a fuga iminente, na vaidade da sombra que te arrastará, cobardemente, para a escuridão bafienta de um quarto sem as espelhadas cores. E ali, perene, jazerás, por vingança!
Doce vingança, minha liberdade doada às mãos que beijo e me abraçam ternas, onde, em seu peito, me abrigo feliz e repouso os meus sonhos e pesadelos esquecendo-te, saboreando a vingança.