Quando a bruma se debruça no olhar
num hipnotismo trespassante
entre a cegueira e o luar.
quando o grito se demora nessa bossa
que entrelaça a língua
numa velha mariposa.
quando o homem cansado e faminto
se aninha nos despojos
de um amar sucinto.
quando a voz dói de amargurada
e se pendura suícida
no vão da escada.
quando a manhã já não nasce na cidade
e se debruça sobre o campo
da tristeza e da vaidade.
quando o vento já não sopra sobre o mar
e me esquece no silêncio
da vontade de te amar
foi quando quis morrer e não me quiseste matar.
Elis Bodêgo