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Ao abandono

 
Ao abandono
 
Gravito no escuro,
enquanto procuro no breu
da vida acender um fósforo
que ilumine as sombras
que transitam
pelos armários e cabides
em todos os lugares
fatalmente encurralados
onde afinal nunca
me acharás
ou eu provavelmente
nunca me esconderei

Peço pra alguém
qual prodígio desta vida imensa
simule a tua voz,
o mesmo sorriso
que me é tão lícito reconhecer
brincar depois no planar afogueado
que se acende intransitável nos sonhos
impregnando a luz mágica
soletrada entre palavras que hoje
me marcam como labaredas

Só o silêncio escondido
na ranhura do tempo
por fim
me chega para comemorar
o facto de que após tanto galopar
a vida
vivemos possuindo, possuídos
com as artérias cheias de perfume doce
meu corpo esvaziado
cremado e deixado ali, monótono
teu retrato encostado na estante
sem mais sorrir...ao abandono
FC

 
Autor
Frederico
 
Texto
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/06/2015 23:27  Atualizado: 10/06/2015 23:27
 Re: Ao abandono
Um poema escrito com o grafite da própria tristeza

Uma alma que chora nos momentos onde a solidão se prolifera em um coração.


Quando estamos na escuridão é porque estamos longa da luz.

um divino poema