ALVA E VERMELHA
É ruiva a minha filha como os pelos
Que temporões na barba mais cerrada.
Nem em sonhos tal graça imaginada,
Como tampouco fora em meus desvelos...
Nasce. E, ainda pasmo co’os cabelos,
Eu logo atento a sua só mirada
A distinguir-me a mim, seu pai. Mas nada
Senão d’amor haver os fortes elos.
E chora... Ressentida de se expor,
Ou já aflita por tranquilizar-me,
Fixando em mim da vida uma centelha:
— “Oh vem, minha pequena alva e vermelha!
Que de desesperança eu me desarme,
E em teus miúdos olhos veja o amor.”
Betim – 02-06 2001
Ubi caritas est vera
Deus ibi est.
Para Mariana, minha filha, em seu nascimento.