Tu e eu somos iguarias, O ponto pérola diluído, Água liberta dos corpos. Somos suco em caramelo Adoçando agruras de vida; Sou a noz e tu amêndoa.
Eu sou noz enclausurada No casulo rugoso que resiste Em ofertar o paladar nodoso. Tu és a amêndoa vestida De amarelo suave e liso Que se doa à nossa junção.
E a vida nos mistura ralados Na grossa massa intemporal Acastelada de desejo e paixão. Agita e esgota-nos de sabor Promete, subtis delícias de amor, Suspiros, beijos, ais e cremes.
Somos os doces temperados No fogo das paixões errantes, O requinte de poetas regalados. Somos a mera pasta levedada, Fervente, que cresce sem limite, Esvaindo, licorosa, a eternidade.