Ao jantar, toalha richelieu aberto sobre azul viana, Porcelana com flores azul deserto, talheres plaquê de prata, cristais ("Bohemia" lapidados) e gotas lacrimais.
Brindo a sós e repito: "A nós!"
Ao luar que trespassa, a vidraça e a cortina de seda, recrio o teu odor (natural) como vereda (cerebral) para suprimir o meu vício, de amor
Deito-me , no teu lado da cama e, moldado (pela água morna do colchão) meu corpo clama com satisfação este falso abraço de madrugada
Preencho o teu espaço com almofadas e deleito-me a ver-te no silêncio da tua ausência sentindo a tua (imaginada) respiração e a minha total carência.
Assim, nesta vivência de alienação, semeio durante toda a madrugada loucura com beijos e sonhos de paixão que deixo na tua (fria) almofada na procura e colheita de nada!
Acordo então deste desvario com frustração e dissabor que este amor, tão doentio, é mera saudade, desilusão e dor!
Manufernandes
Não sou poeta mas, quem sabe, um dia escreverei um texto que (pela persistência e sorte) possa ser lido como poema