Por uns breves momentos pensei que estes meus olhos traidores fossem derramar acres lágrimas sobre o meu peito trespassado pela crueza de uma fuga cobarde.
Por breves momentos mais imaginei que meu coração se despedaçaria, qual navio naufragado em mar bravo na costa de lava e penedos frios condenando todo meu ser à morte.
Foram breves momentos, ciando velozes, como as aves de rapina sobre a presa, ou as ilusões que se diluem no nada dos amores efémeros e dos inexistentes. Breves momentos de desprezo por mim...
Mas esse desprezo instigou-me mordaz, foi a serpente de fogo dilacerante que se cravou de vontade e ousadia de expulsar vis amores prostitutos de minha máscara de um apaixonado.
Desprezo vencido, de mim, por eterno, libertando, feliz, a minha alma pagã das cadeias sangrentas do ódio voraz. Desprezo sagrado que me devolve puro e me consagra nos braços da felicidade.