Regressarei ali
onde o tempo sepultou
minhas ilusões
procurando na impaciência
que os ventos perfumam
o odor mascarado de longínquos
beijos quando agendámos
no mesmo dia aquele
cardume de abraços que ficaram
estáticos
afogando-nos nesse mar sazonal
ancorado na dor silente
que estóicos reportamos
nesta noite breve renascida
em cada um de nós
em lâmpejos de amor tão profilático
– O resto…é esquecimento
quando as palavras rolam
ladeira abaixo
desgovernadas pelos
barbitúricos apelativos
que ingerimos mal adormece
a noite
e nós apaixonados incorremos
tolos
caudalosos
neste fado que ressoa
emblemático na transgressão
de vida pendente
que morre olvidada em mim
– Vejo, ouço,lembro
o majestoso timbre que flameja
entre nós
Reparto o sol em gomos de luz
melancólica
que insinuante ainda flutua
Lunática
tentadoramente frenética
por entre tristes sabores
que degustei tão mediático
Fito-te nos olhos
descrevendo novas órbitas
meridionais
Aplaco a raiva destinada
a esta linguagem onde
se oprimem astutas todas
as lástimas gritando em silêncios
um pranto prévio de vida
um instinto exalado no teu perfil
surgindo anónimo
em recolhimento…em ausências enfáticas
– O resto…é esquecimento
alheamento
dias insolúveis
manhãs prometedoras
vazios repetidos
saudades dramáticas
muito tempo de duração
quase ilimitada
tantas promessas que se abeiram
traumáticas
sempre iguais num verso
acariciando-te repetitivo
deixando-me doido
envelhecendo nesta solidão
aleatória
povoada desse
aditivo que se chama gratidão
e nós apressadamente apagando
as labaredas da vida
vivendo nossa combustão espontânea
submissa …tão cutânea
FC