Queria cantar o amor com todo o meu ser e dizê-lo despojado de toda a racionalidade; desenhá-lo em versos sublimes que me saíssem dos dedos sem hesitação ou edição;
partilhá-lo com o mundo inteiro por me sentir egoísta de guardá-lo só para mim; espalhá-lo grandioso e sublime com a ternura que me enlevasse só de pensá-lo...
Queria tê-lo gravado no rosto, na maciez textural da pele de todo o meu corpo;
no brilho indizível dos olhos, tão intenso que se visse através das pálpebras;
na serenidade indescritível de um sorriso rasgado mesmo a dormir;
na linguagem corporal, no traçar lânguido das pernas e na descontração elegante dos braços...
Um amor que se visse nas minhas mãos abertas, desprendidas e generosas;
Um amor que se ouvisse na musicalidade da voz terna, alegre e profunda;
Um amor que se esculpisse no meu ser, na minha coluna vertebral;
Um amor que não coubesse no meu coração e vestisse a minha alma;
Um amor que fosse maior que eu mas pudesse guardar dentro de um bolso;
Um amor que me imaginasse, me embalasse e me sonhasse; Um amor que vivesse nos meus sonhos e na minha vida, que passeasse comigo na rua, se sentasse ao meu lado no sofá e se deitasse comigo na cama; Um amor que fosse tudo, me desse tudo e me fizesse dar e fazer tudo;
Um amor que respirasse por mim se me faltasse o ar, que me saciasse pelo simples facto de existir;
Um amor que se sentisse sem pensar...
Ana Sofia Carvalho