Desejos de carinho navegam em olhares, nossos, travessos. Neles flutuam beijos, ternos, mas audazes, que nos inebriam.
Cada toque de mãos, tímido, nas faces rubras, é emissão de átomos. Cada sussurro dito, por lábios sedentos, são iões salteadores.
Olho-te, e quedo-me no silêncio esmagado, no teu perfil de fêmea. Teu cabelo ondula, livre, na frágil brisa, que até mim traz, teu odor.
Teus olhos irradiam, espelham, prescrutam, imagens do momento. Tua face, dimensiona, serenidade e tristeza, paz, ansiedade e rubor.
Teus lábios, entreabertos, hesitam entre sorrisos e palavras que se calam. São frases que não soam, Mas o eco é nítido E volta forte e audaz.
Tuas mãos, ora quietas, ora em arcos supostos, balançam temerosos no quebrar do momento, mas, meigas, chamam, se enlaçam, se passeiam.
Teu corpo, imóvel, não desvendo, não o sei trémulo, inquieto, se repousa, se transcende, levita, neste quase enlace.
De enlaces alienatórios. Recorta-se, desejado, no redor paradisíaco, de flores, céu, árvores, nos tons de natureza, em uníssono de sons e imagens fugazes.
Teu coração, secreto, desconheço se levita, ou, apenas, comanda, entre a paixão latente e a função da vida, em ilusão, parada.
Saberei eu, se avanço, se de ti, só, me retiro? Deixo-te, paupérrimo, meu coração desvalido,
Para que Tu, meu poema, o tomes e aconchegues. no teu amor de mulher, no teu seio carcereiro.