Entardece. Lá mais em baixo corre
serenamente o rio e a lembrança de teu nome.
Se não o escrevesse quase de certeza
que não me recordaria de ti em toda a
envolvência, que traz lembrarmo-nos
quem a lembrança mais almeja querer:
assim como a vontade que é do rio
quando corre tranquilo para a sua foz
porque esse é o desejo das águas e a certeza
de que algures tu vais lá estar.
Sim! Porque eu vou num barquinho
olhos postos no céu reinventando-te
a todo o instante; e conforme os pingos
das águas mais e mais me vão salpicando
na sábia voz do líquido melífluo é aí que eu
sei que estamos juntos, pois se primeiro
foi lembrança agora quem te carrega é
o meu pobre coração, qual não sei porque
não te esquece ele, quando de mim
bastas vezes nem sabes mais sequer se eu existo.
Enfim! Há coisas que existem e não têm
que ter filosofia alguma nisto tudo: é porque é
e o que tem de ser tem muita força, mais ainda
aquela que desconhecemos e só quando
o amor se aviva entre oceanos e fronteiras
Marítimas nos superamos contra ventos e marés.
E um raio de sol surge como que a dizer-nos:
no amor e na paz no bem-querer e na amizade
quem olvida uma segunda vez incorre num erro
tão maior do que dormirmos nele por teimosia.
Entre uma e outra coisa, persisto em amar-te:
haja pois quem atire a primeira pedra
se há alguma coisa aqui que não tenha como verdade
o só dizê-la: verso ou prosa é uma rosa
senão tão bonita como tu mulher, não lhe negues
o viço que a mantém assim rejuvenescida
ano após ano, dia depois de outro dia
ao sol e à chuva ou quando visa o vice-versa
que é parte mais visível de quem vive para a intriga
já que a nossa realidade á sabermo-nos a dois.
Jorge Humberto
02/06/15
“Por decisão do autor, o texto está escrito de acordo com a antiga ortografia”.