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Descansa em Paz, Morte

 
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Descansa em Paz, Morte!

Tu, Morte, que ceifas as vidas
Dos inocentes e dos culpados,
Que ousaste matar o teu Deus,
És maldita cobardia mistificada
No temporal horror dos viventes!

Rondas, em vigília perene, almas
Que arrebatas incongruente de ti,
Quere-las como eternas amantes
E perde-las na podridão dos corpos.
Elas te elegem a noiva abandonada!

Ah, Morte tantas vezes me roçaste,
Com teu manto negro, roto d’ agonia,
Seduzindo-me a teus braços fétidos.
E sempre te quis, desafiador, gritando:
- Toma-me, contigo! Faz-me consorte!

Mas, tu, Morte, fugiste desse altar de dor,
Desse lugar de sacrifício de tantos outros
Que imolaste, insana, porque te temem.
Eu, que proclamo amar-te sem temores,
Sou abandonado na solidão desta vida.

Foges de mim, Morte, porque já morri…
Ousei ungir-me com odores pestilentos,
E, tu, Morte és incapaz de tomar em ti
Quem já não vive. O corpo que desejas
É marioneta animada por vã existência.

E, assim, Morte, serei eu o pretendente
Indesejado, o vilão que te amaldiçoou
Á morte de ti mesma. Porque, tu, Morte,
Que imortalizas o desespero, ufanas raivas
Pela dor, morrerás também “in perpetuum”.


Poet@ sem Alm@
João Loureiro


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Lisboa, 05/06/2015
 
Autor
Poeta.sem.Alma
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/06/2015 10:19  Atualizado: 05/06/2015 10:19
 Re: Descansa em Paz, Morte
Através do teu poema, brindo a VIDA!

Que seja ela (a VIDA), a sobrepor a morte!

Abraço,

*Anggela*


Enviado por Tópico
Semente
Publicado: 05/06/2015 23:29  Atualizado: 05/06/2015 23:29
Membro de honra
Usuário desde: 29/08/2009
Localidade: Ribeirão Preto SP Brasil
Mensagens: 8560
 Re: Descansa em Paz, Morte
Sim, poeta, ela é tudo quanto disseste em teus versos, e muito mais. Entretanto, essa impostora não tem o poder de matar a Vida. Que morra, quando os seres humanos souberem mais sobre a própria imortalidade.


Beijos doces, poeta !



Nota: Amei por demais o teu poema, porque bem representou o meu sentir quando tantos amores de minha vida, partiram para o outro plano de vida....