Febre terçã
Perder-me do tempo
é fado que ouço sempre
em prazer de fina urgência.
E não é porque me lembre
que esta vida são dois dias,
que faço hoje o que penso
fazer melhor amanhã...
Que querem?...
O meu canto é febre terçã,
ao terceiro dia é gemido,
e enquanto os outros se cansam
eivando sonhos cumpridos,
eu desafio a esperança
e tardo, que ainda é medo.
Perder-me dentro da míngua
é jogo que aprendi cedo,
antes mesmo de o jogar:
tenho na ponta da língua
todas as regras,
no extremo desta caneta,
as estratégias...
só não sei o tempo útil
de as aplicar,
e resisto ao tempo que insiste
em me apressar.
E cedo é já o tempo de me tardar.
Teresa Teixeira