Ciúme Compulsivo
Conceito de ciúme
O ciúme é uma emoção humana, mais comum do que se pensa. Aliás o ciúme é um conjunto de emoções deturpadas pelos sentimentos de possessão quando estes são julgados ameaçados na sua estabilidade e na sua qualidade como relacionamento íntimo.
Outros conceitos e definições existem para o ciúme patológico, mas este assenta em três factores; a reacção a uma “ameaça” sentida, real ou fictícia, a rivalidade, real ou imaginária, e o medo de perda do “objecto” amado.
O ciúme é natural no indivíduo, mas fora do auto-controlo, o ciúme é uma patologia do foro psiquiátrico.
No ciúme, impregnado de imaginação, de fantasia, de crenças e (in)certezas adquiridas em terceiros são emoções vagas e imprecisas. As dúvidas transformam-se em ideias fixas, obstinadas, incoerentes e delirantes.
A pessoa é impelida à compulsão de ter dúvidas como certezas.
O indivíduo ciumento usa de todos os estratagemas, numa constante busca de provas, confissões e testemunhos forçados, para conseguir provar que tem razão. Esta compulsão, que lhe gera mal-estar, não ameniza a dúvida e encerra-se no absurdo e no ridículo das situações que gera e sustenta. Esta compulsão porta-lhe mais e mais insegurança e inquietação. Mesmo que confrontado com a realidade da sua mente deturpada, a frustração é tal que urde cada vez mais esquemas e impulsos de confronto e, se hoje não conseguiu impor a “sua certeza”, amanhã será o dia propício em que finalmente o parceiro será apanhado em falta. E entra num ciclo vicioso onde a frustração aumenta e o impede do raciocínio lógico.
O indivíduo ciumento vitimiza o parceiro, mas foca-se a si, e só a si, a vítima de todo o trama.
O parceiro de um ciumento experimenta uma vivência de dissimulação, de elogios e de presentes, omite factos e esconde informações tentando minimizar os graves acessos de ciúme, que se agravam cada vez mais.
O indivíduo ciumento vitimiza terceiros, usando a chantagem da amizade / desdém. Exige dos seus amigos a cumplicidade na espionagem do parceiro e o seu apoio incondicional. Se esses terceiros são indivíduos estruturados afastam-se; se não, entram no seu trama, apoiando-o, mas sem revelações úteis para o indivíduo ciumento depressa passam a usar da mentira e da ficção.
O ciúme compulsivo, ou mais propriamente o ciúme patológico, tem por base um desejo enorme de controlo total sobre o parceiro nos seus sentimentos e nos seus comportamentos.
O ciumento compulsivo raia a insanidade dos seus pensamentos e das suas acções chegando a sentir ciúmes de qualquer relacionamento que o seu parceiro tenha tido anteriormente, recentes ou não. E o processo do ciúme degrada-se no excesso de pensamentos repetitivos, imagens ficcionadas e murmurações constantes sobre factos que já são do seu conhecimentos nos seus mais diversos detalhes que geram outras “verdades ciosas”.
Esta patologia envolve um perpétuo sofrimento para o indivíduo ciumento compulsivo que faz afastar de si por repulsa o parceiro e outros indivíduos de laços familiares e de amizade. Torna-se um solitário, auto-comiserado e um “eterno infeliz”.
Não há estatísticas certas, mas presume-se que o sexo do ciumento compulsivo seja de alta percentagem feminino.
O indivíduo ciumento compulsivo usa da desculpa íntima que o seu ciúme é o zelo, a devoção e a paixão que “investiram na relação” e qualquer manifestação de ciúme é legitimada pelo “amor” e pelo “dever” que o emociona.
O indivíduo ciumento compulsivo é um ser dominado pelo medo e pela necessidade de posse. Quanto mais os seus actos e pensamentos são irrealizáveis, mais esse medo se avoluma e o consome “nas suas entranhas” com a ansiedade, a culpa, a humilhação, a raiva, a vergonha, a insegurança, o aumento do desejo sexual e os desejos de vingança que experimenta num modo crescendo e o destrói emocionalmente.
Com a perda do “objecto” amado o indivíduo ciumento compulsivo é um vulcão em erupção que lança de si para outros indivíduos “as cinzas da sua consumação”: baixa ou nula auto-estima, desconfiança, depreciação do amor, egoísmo, agressividade, desprezo por si e pelos outros, entre outros. O conselho a dar por último a qualquer indivíduo ciumento compulsivo é o de se tratar clinicamente.
Por preferência pessoal, aponto o afastamento do parceiro / vítima de qualquer indivíduo ciumento patológico para que a vitimização e o sofrimento não se avolumem em raivas e vinganças incontidas "fazendo a felicidade do / a ciumento / a" e podem chegar à agressão verbal e física.
Triste Poet@
(João Loureiro)
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