Gritos mudos oiço uivar o vento,
Sao gemidos de um amor esfomeado,
São ais de um coração empedrado,
Dados em tom ensurdecedor de desalento.
Pesa a saudade que galga o esquecimento!
Permanece assim o tempo em mim parado
Na memória de algo à muito acabado
Por falta de força maior de sentimento.
Gritos mudos também eu daria!
Mas a voz se prende e perde em poesia,
Em poemas que findos os venho a esquecer!
Gritos mudos que o vento não ousou uivar,
Na voz que se liberta e se acaba por encontrar
Em poemas que nunca cheguei a escrever...
Paulo Alves