Uma vez,
tantas vezes
anunciamos nossas peripécias
de vida
eminentes
traçadas na moldura
da solidão
desacompanhada,efémera
irreverente
– Uma vez
quantas vezes quiseres
te darei meu presente
em preces perfumadas de vida
virando quantas páginas de história
descortinando na fímbria dos tempos
o perfil involúvel e revolto
nas palavras que ficaram por dizer
– Uma vez
ou quantas quiseres
esconderei a noite mágica
onde poluímos de luz excelsa
nossos seres anónimos
nocturnos, religiosos
à beira deste passado que
agora em mim desincorpora
feliz
às vezes até insolente
quando me deixas morder-te
de desejos doido
encarcerados ao futuro que se apressa
degrau a degrau mais afoito
– Era uma vez
como outras tantas que encêndiamos
nossos dias com poemas apressados
cavalgando as mesmas palavras
de amor desnudadas
quando em lágrimas comoventes
ensaiámos este crepúsculo murmurado
em cada silêncio inssurgente
atravessamos o mundo
devotos
sonhando com cada réplica
de um beijo
que ficou em recordação
tateando por aflitos gomos de alegria
nos tempos mais remotos
submersos nas sequelas despojadas
da nossa liberdade empanturada
de iguarias desesperando vida
gotejando saudades em desalinho
abraçados festivamente peregrinos
onde em ti a qualquer hora
aqui
verdadeiramente me aqueço e
ao sol matutino me alinho
FC