Sangue ardente vertendo-se em cima do papel
os dedos tensos libertando as marcas da pele
e os lábios morrendo nas palavras ainda doces
fluindo por entre as rimas perdidas do verso
AH meu amor, tão mate é agora a cor do poema
nuas são as mãos que sustêm os resquícios
da tinta com que tinjo o peito e afogo o olhar
na longinquidade do mar onde me sepulto nua
E na boca do vento ainda gemem os sussurros
que a brisa suavemente lá deixou, delirante
em lábios feitos de instantes, adormeço no tempo
no tempo que teima a me abraçar, suculento
Escrito a 24/05/15