Não sei o que raio me anima
nos dias em que estou mais vivo...
Sei que nos restantes dias me arrasto
num desaire aflitivo
pela ladeira acima...
Que espírito é este que, sem compaixão,
me maltrata, a mim (ou a si mesmo) com vigor
sempre na busca de sangue (ou será pão?)
e engolindo-o sem lhe sentir sabor?
Falam da alma, falam de calma,
falam de nobrezas e empatias
mas que raio é que me escapa nesses dias
em que a fraqueza se torna fortaleza
e em que no cérebro imperam arritmias
de tal forma que já não sinto conexão
seja com o mundo lá fora, seja com o que for?
Ah! espírito inquieto,
muitas vezes te revelas cobarde,
e apareces só quando já é tarde
para repor todo o carinho e afecto,
cravando espinho no meu intelecto!
Por vezes algo me escapa...