As águas rolam face abaixo,
Dois rios que correm em paralelo,
Por um querer que não tem fim.
E ao fim de mais um dia,
A chaga aberta pela tua ausência,
Bebe o sereno da noite e arde.
Ouço os gritos do meu íntimo,
Que divaga à tua procura,
E rompe com a lucidez que me garante.
E a acidez do teu colo ausente,
Arde mais uma vez minhas feridas.
Então estendo uns versos doridos
E encolho meus dedos em resignação,
Como que pedindo teu perdão
Por sentir tanto a tua falta,
Manchando o papel com sangue,
Que é a tinta do meu coração,
Quebrantado pela secura do teu,
Que negou-me o paraíso,
E fez-me só outra vez.