Vejo da minha modesta janela
As amoreiras em flores sadias
Vestidas pelas ramas das violetas
Que alcatifam o chão onde se pisa.
Em pétalas veludosas no monturo
Uma rosa entreaberta se desperta
Para o amanhecer do novo mundo
Para o futuro que paciente nos espera.
O riacho vai rolando os pequenos seixos
No seu leito eterno coberto pelos musgos
Pelos pequenos peixes misteriosos e soturnos
Que desovam seus filhos nas raízes das gameleiras.
Nas intricadas galhadas da árvore defronte
Pássaros de cores diversificadas e cantos mil
Nidificam em harmonia quase que perfeita
Esperando a eclosão na próxima primavera.
Eu fico com os cotovelos na sacada da janela
Com as mãos abertas segurando o meu queixo
Observando calado o espetáculo diário e gratuito
Igual ao turista estupefato numa cidadela italiana.
Gyl Ferrys