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Enviado por | Tópico |
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Margô_T | Publicado: 06/09/2016 08:09 Atualizado: 06/09/2016 08:09 |
Da casa!
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Re: Cabem no meu corpo todos os rios do mundo
O corpo como um mapa, um mundo… repleto de sulcos que permitem o resvalar de vários rios, habitando-nos enquanto nos fazem, também, habitar o mundo em que vivemos – numa simbiose.
Que seríamos nós sem os “rios do mundo” que nos percorrem os “sulcos da pele” “como vida nas mãos”? Há os rios “que já morreram” e há os rios que “ainda irão nascer” – ambos contidos no corpo onde cabem “todos os rios do mundo”. Águas passadas, águas futuras, águas (que nos foram) furtadas… todas tocáveis pelos nossos “dedos”, “seguindo novos caminhos, novos sentidos”, à medida que, tocando, desviamos ligeiramente um dos rios e o vemos formar uma nova trajectória. Nas rugas estarão os rios “que já morreram”, os rios que nos marcaram a pele e são “água e terra” porque “corrente e paisagem” – fluidez e quietude (ou não seria o Passado tão vívido em nós). Estes rios acompanhar-nos-ão durante a vida… e iremos coleccioná-los a pouco e pouco, deixando-os permanecer na nossa pele. Seremos, portanto, um “coleccionador de rios”, guardando estas riolíquias na pele com extremo zelo… pois sem elas nada mais seríamos que um lago ressequido – estagnado, inabitável e lodoso. |
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