Poemas : 

O regresso às caravelas da morte

 
O regresso às caravelas da morte
 
Nos confins d’africa sulcavam caravelas
Contra tempo e contra anseios d’duma nação,
Via-se partir o povo ruma a perdição
Nos porões das enigmáticas barcas à vela.

Sob fúria das ondas e bravura dos mares
Zarpavam caravelas de porões abarrotados,
Corpos tisnados dos homens desesperados
Iam numa viagem sem regresso aos pomares.

Tempo deu tempo ao tempo e tudo mudou,
Caravelas deram lugar aos botes e tudo ficou,
Acrescenta-se sepulturas no fundo dos mares.

Em nome da prosperidade noutro lado do mundo,
Emergem negreiros nativos que angariam fundos
Com flutuantes caixões que fenecem no fundo dos mares.

Adelino Gomes-nhaca


Adelino Gomes

 
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Upanhaca
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Enviado por Tópico
kripy
Publicado: 12/05/2015 21:23  Atualizado: 12/05/2015 21:23
Membro de honra
Usuário desde: 26/05/2010
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 Re: O regresso às caravelas da morte
meu grande amigo Upanhaca,a guerra e a ganância dos povos(não dos que emigram ,mas sim dos que fecham suas fronteiras) vieram substituir os barcos negreiros.um abraço,kripy.


Enviado por Tópico
MatheusBelfort
Publicado: 12/05/2015 21:59  Atualizado: 12/05/2015 21:59
Da casa!
Usuário desde: 06/01/2015
Localidade: Brasil - Rio de Janeiro
Mensagens: 397
 Re: O regresso às caravelas da morte
Escravizada ainda está africa,quando as matérias primas são roubadas de seus leitos,sendo consideradas sem importância para a mesma,mas necessária para nós. Muito bom,meu amigo.


Grande abraço


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 12/05/2015 23:17  Atualizado: 12/05/2015 23:17
 Re: O regresso às caravelas da morte
Um pedaço desse universo onde as clarezas das luzes não se penumbram, que a escuridão é uma sombra cada vez mais sem vida, as vozes sofrem calando seu próprio silêncio.

um poema sentido sofrido, reflexivo


Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 13/05/2015 11:56  Atualizado: 13/05/2015 11:56
Colaborador
Usuário desde: 23/06/2011
Localidade: Taubaté SP
Mensagens: 10200
 Re: O regresso às caravelas da morte
Bom dia Adelino, a ambição humana protagoniza estas cenas horrendas que ora vemos nos mares Europeus, coisa de gente.

parabéns pela justa indignação consignada nestes redundantes versos, um abraço, MJ.