Nasceste menina, em tempos de dificuldade,
segunda filha, a que depois se juntaram mais quatro,
seis meninas, todas elas mães, por afinidade,
e tu, que és a minha, de feição, foi-te o parto.
Na pressa de crescer, por pura necessidade,
fizeste-te mulher, antes de o ser: fiel retrato
de um Portugal, que nem tinha tempo nem idade
para ver suas crianças crescer: real desiderato.
E, hoje, que se cumpre, mais um dia, desse alguém,
jamais esqueço, a imensíssima mulher,
que sempre foste pra mim: aqui, ali e inda mais além:
gritando pelo meu nome, que te soava tão bem,
e que por ti fora escolhido, como tudo o que bem quer:
aquela, a mulher – e inteiramente, Mãe.
Jorge Humberto
03/05/15