Sabe quando caminhamos por trilhas insanas;
merendamos na calçada da fama, e arrotamos caviar?
Sabe quando bebemos gelado no frio e quente no verão?
Sabe quando falamos sozinhos e olhamos pro céu rodopiando?
Sabe também quando deixamos pra fazer ontem, ou hoje, já nem sei?
Sabe, beber vinagre, na sopa de feijão?
E no final do ano pular as sete ondas, ou será que essa conta está errada, pois sete, não é a conta do mentiroso?
Sabe, ser um ser estranho, e se mascarar pra se dar bem?
E como tem aqui, como tem?
Sabe pular fogueira de bruxa, e queimar o pé, bem feito!...
Sabe também querer ser santo, quando dentro de si mora um capeta?
Puxa! Eu queria ser sã e sou louca de pedra, mas fazer o quê?
Endoidar de vez em quando é sadio à mente...
Assim, ela descansa de pensar em tanta bobagem, como contas e afins...
Assim, ela faz o que bem entende, sem pagar imposto...
Assim, ela sente prazer em não ser vulgar...
Quero a insanidade dos ébrios, das marias gasolinas, das despeitadas, das insatisfeitas, das irriquietas, das patetas, das estetas, das estátuas, dos vira latas, dos reis sem trono, dos abandonados, dos descamisados, das camisinhas furadas, das santas ou demoníacas, das lacraias, das colas, das sacolas dos dízimos, dos batizados, dos recados, das chatices, das maluquices, dos homens sem fé, dos odores dos pés...ah! quero ser Louca de Pedra e dizer: OLÉ!
"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende." (Guimarães Rosa)