Prosas Poéticas : 

Quando chover em mim

 
 
Deixei de ter alguma

coisa pra dizer

absolutamente nada

a não ser

deixar espalmado

nossos destinos estrategicamente

enamorados pela arte

empolgante do amor

num vasto encontro derradeiro

onde nos disfarçámos

tácitos

sorrateiros na formosa luz

onde esquadrinhamos fiéis

nossos vícios gerados em cativeiro


A não ser

que me procures

revelando-te

não mais inquietarei

minhas imaginações

até que chova em mim

tuas insaciáveis palavras

exiladas no quotidiano

onde não mais traduzirei em versos

tanto amor

engolido na voracidade

desordeira, aborrecida

quando rastejamos atrás do rastilho

do tempo

procurando embriagados

a piedosa e afortunada

carícia

numa fuga assim quase homicida

em prantos e plágios folclóricos

de um sonho tão devastador

onde por fim nos filiamos

eternos,rendidos

conspiradores


A não ser

que hoje me revejas

tão comprometida

não hesitarei um minuto

roubando teus fiéis requintes

naquelas fantasias

tão curativas

onde incutida por palavras

confidentes

te entregas irresistível,ardente

expondo toda a anatomia

alucinada na espera conciliadora

e tão contundente


Ali depois ficarei quedo

jazendo

à luz da luz submersa

anelando príncipescamente

teus dotes desgarrados

perversos

onde sorvo sem remorsos

o súbito acesso aos teus beijos

assim dispersos no quotidiano

febril

onde tantas vezes nos barricamos

prostrados,vorazes

e depois…devagarinho, anoitecemos

serenamente audazes

FC

 
Autor
Frederico
 
Texto
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