Deitado no teu regaço,
Imagino-te sem oxigénio
Nem estrelas no espaço,
E prevejo tua perdição.
Dos homens desesperanço
Sanidade do teu corpinho
Que decai com acutiladiços
Nas pracetas de convénios.
Das bocas fabris mirados ao céu
Pela ingratidão de varões,
Emergem trevas assassinas
Que intoxicam teus pulmões.
Mamã terra,
Estás a morrer aos poucos
Por culpa de homens loucos
Que fazem da nojenta civilização,
Disfarça da massiva destruição
Do teu frágil coração.
Deitado no teu debilitado regaço,
Oiço lamento de beija-flores
Que esvoaçam choramingando
A morte das pétalas do jardim.
Despeitado pela loucura dos homens,
Encosto-me ao teu arfante peito
E vejo o adormecer do sol,
Embalado pelas estrelas candentes.
No teu regaço adormeci
Sonhando com teu dia de mãe,
Omitido no calendário lunar.
Adelino Gomes-nhaca
Adelino Gomes