Não pensem que me acorrentam a regras estabelecidas
Mesmo que as mãos tenha de rasgar rebentarei essas correntes
Bebendo o sangue que delas jorrar como se poção da força seja
Nem adormecerei nessas melodias de serpentes coloridas mas venenosas
Porque veneno sou eu depois de libertado dessas amarras que me amarraram.
Nem imaginem que serei escravo ou servo das vossas vontades ou decisões
Serei cavalo puro-sangue selvagem, correndo contra o vento, galopando no tempo
Matando as horas, os minutos e segundos em que me aprisionarem fortemente
Serei cavaleiro armado, vestido com armadura de ferro onde nem as vossas palavras entrarão
Serei livre companheiro da Liberdade, guardião da verdade.
Não tentem matar esta tenaz vontade de ser quem sou ou o que sou
Pois chegado ao meu abrigo, me despirei e na pena pegarei
Cobrindo o papiro que ficou guardado com palavras soltas
Poemas com ou sem sentido, escritos para ninguém,
Fazendo um livro que um dia só eu lerei
Porque só eu o decifrarei.
Não tencionem cortar-me as mãos, pois de ferro já são,
depois de tantas dores,lutas e batalhas que desfizeram a sensação da dor
Mas que ainda assim são de algodão porque alguém as suas feridas curou
Querendo delas ouvir o que a minha alma dolentemente já tocou
Não pensem que me acorrentam a seja o que for
Porque ainda que dolorosamente me matem
Não matarão o meu pensamento
Onde tudo está gravado e eu sei de cor
Delfim Peixoto © ®