Vicente Chá-chá,
forjava ferraduras
na Ferraria Bragança,
lá, calçava todo
tipo de animal de monta,
com e sem pedigree.
De graça,
as mulas dos carroceiros
que ziguezagueavam
nas ruas do Mercado
e do Comércio, no ofício
do levar, do trazer.
Fuligem, trajes e pele cinza,
rosto vermelho,
mãos sovadas
de moldar o ferro,
trabalhava sempre
cantarolando canções da Itália.
Nas horas de folga,
com carinho,
meu Nono me tomava
pelas mãos,
contava histórias da Calábria,
dos mares que a circundam.
As pedras do calçamento
foram enegrecidas,
os animais substituídos
por cavalos mecânicos,
as ruas ganharam alcunhas,
eu e a cidade, partimos...