Não há mãos mais macias
nem olhar mais sublime
que o teu sobre o meu…
Quando me ajeitavas o vestido
me observavas da porta
pela fresta do postigo…
Olhavas… disfarçadamente
orgulhosamente, com a doçura
que nunca mente…
Nem mente,
mesmo quando ainda
agora, me dizes:
-Tem cuidado contigo!
-Vai calçar os chinelos, que o chão está frio!
Dizes num imperativo
que me alimenta o sorriso!
Outras vezes, ainda me avisas:
-Não confies, não gosto desse teu amigo (a)…
Ah! Mãe
e tão raras vezes te enganas,
quem melhor que tu
vê, para lá de mim
o que me faz bem!
Desculpa; se não te dou razão,
é a contradição de ser mãe;
é a rebelde ironia de ser filha,
que te diz, como resposta:
-Sabes o quando gosto de ti?
--Sabes…o quando ainda preciso de ti?
Minha mãe!
Ana Coelho
Os meus sonhos nunca dormem, sossegam somente por vagas horas quando as nuvens se encostam ao vento.
Os meus pensamentos são acasos que me chegam em relâmpagos, caem no papel em obediência à mente...