Sou, como sou
assim como as folhas
que morrem no Outono
enaltecendo admiradas
nossos jardins gotejando
expressivas gotas perfumadas
de amor
Sou, assim
revelado, exposto às
avaliações talhadas em palavras
endurecidas pelo tempo
inquirindo ao vento
nossos ecos surdos
compartilhados,inconformados
nesta peleja onde te imagino
minha fotografia
abraçada em caricias que me inebriam
e me deixam em constante desatino
Sou e serei
qualquer bandeira neste mundo
desfraldada onde bem
quiser
Ensaiarei meus hinos
construídos nos meus
soletrados cânticos de batalha
onde venço cada acto religioso
em conflagração onde se desmembram
migalha a migalha
inconcebíveis gestos trajados
de ódio e desespero
Sou o que fôr
superando minhas tristezas
enriquecendo esta espécie
de poema transeunte
vadio
relegando meus os olhos fitos
numa esperança que cessa
nas paisagens oscilantes
de uma morte anunciada
que por fim se apressa
Assim se supera a tristeza
com actos deliberados de amor
que se saciam à mesma hora anónima
perdidos inultimente
nestes versos onde confisco
deliberadamente tanto desassossego
Assim me apresento
poético
algoz no canto das palavras
que se vestem hoje de luto
são parte de mim, ou deste mundo
que encerro em cena
numa enorme multidão
que não mais aplaude de corpo e alma
porque se alimenta desta estranha solidão
coroada de silêncios
nesta nesga de tempo
que encerro em sigilo
numa exaltação quase aritmética
em nós transfigurada
semântica e tão poética
FC