Poemas : 

Quadras de uma Alma despojada

 
Num tampo de mesa fria
escrevi da minha solidão,
amargas dores que sentia
como espinhos no coração...

Nessa dor que remoemos,
nesse querer e nunca ter,
há sempre alguém que não temos
nessas horas de sofrer.

À mesa do que não temos
nem a vida nos diz nada
só lembrando o que perdemos
dessa vida já passada.

À mesa do destino
vai passando a nossa história
meus cansaços de menino
'inda me toldam a memória.

Estes versos, por piedade,
tem minha dor por filha,
nesta mesa, na verdade,
só o nada se partilha.

Num doer que não esquecemos
num esquecer qu'inda nos dói,
o porquê de não morrermos,
desta ângustia que nos mói?!

Se eu pudesse tirar da mente
esta dor que me esvazia,
não era o poeta que hoje sente
neste tampo de mesa fria.


Ricardo Maria Louro
em Lisboa


Ricardo Maria Louro

 
Autor
Ricky
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Enviado por Tópico
TrabisDeMentia
Publicado: 30/04/2015 09:37  Atualizado: 30/04/2015 09:37
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 Re: Quadras de uma Alma despojada
A dor não mata mas moi.
Também é tinta para a caneta.
do poeta.

Muito bom.