Poemas : 

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Poemas sem título. São espaços que se preenchem e que sangram sem tema ou visão por perto. Dizes-me que são memórias tantas. Digo-te que são de novo os sons dos gestos insondavelmente vertiginosos e breves.
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talvez se insinuem gumes que o vento esculpiu
até algumas aves regressando
mantendo o êxtase que se quer por redescobrir
[adeus que vou partir]
início sempre invisível silencioso. Tuas mãos sabem dos cantos onde a pele se eriça
se encurva cada vez mais

chega a sufocar

invade o todo como um raio que fuzila sem aquela única distração
enquanto algures a loucura interrompe os sons infindos que se querem

libertar. Áscuas escondidas entreabertas e entenebrecidas

tudo passa até a baforada seca côncava

que a obscuridade dos teus olhos semicerrados
remoinhos
arrepia a cada instante. Cheiram a rosas bravias os gestos dispersos

naquele momento afastando-se como a maré
quebrando lemes
afagando as quilhas de perfil e

o caos
antes esquartejado mas pleno regressa completando alguns espaços ocos que os astros mais longe
refletiam [assim assim]. Espelhos que a água silencia

turbilhão que se espalha sem rota
a porta continua aberta de par em par

tão próxima. Tu nua plena

[¿ porque não inocente momentaneamente]

determinas e dominas o tempo deste meu nada
onde já não sou o eu.

O outro.


(Ricardo Pocinho)



"Floriram por engano as rosas bravas
No inverno:veio o vento desfolha las..."
(Camilo Pessanha)

http://ricardopocinho.blogspot.com/
ricardopocinho@hotmail.com

 
Autor
Transversal
 
Texto
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Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
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Enviado por Tópico
silva.d.c
Publicado: 28/04/2015 17:56  Atualizado: 28/04/2015 17:56
Membro de honra
Usuário desde: 26/10/2010
Localidade:
Mensagens: 598
 Re: •••
à medida que vou lendo e assimilando os teus versos, eles percorrem-me os labirintos da mente na tentativa de encontrarem memórias minhas para se acomodarem, para se espelharem nas justificações que dei para cada ruptura que fiz com a vida...abraços

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 28/04/2015 18:10  Atualizado: 28/04/2015 18:10
 Re: •••
*as imagens vão inundando o olhar e a sensação é de coração avolumando-se de sentidos e sentimentos...é o mar inundando minha íris...
b e l o *
Beijoka*

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 28/04/2015 21:30  Atualizado: 28/04/2015 21:30
 Re: •••
Não é atoa que és o poeta do sol, pq seus versos brilham, iluminam, encantam...Desde o primeiro poema e lembras bem, que sou fã incondicional, adoro tua escrita única...Tão próxima, plena sangrando entre os espaços da alma que sefazem dor em poesia viva...

Eu que adoro boés.


Parabéns sempre!

Enviado por Tópico
Poemas&Amigos
Publicado: 28/04/2015 21:54  Atualizado: 28/04/2015 21:54
Super Participativo
Usuário desde: 23/04/2015
Localidade:
Mensagens: 165
 Re: •••
Bravo!

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 28/04/2015 23:14  Atualizado: 28/04/2015 23:14
 Re: •••
são os ventos de feição que trazem a vaga que nos beija os pés
como trazem as tuas palavras que alimentam sonhos
que puxam os beirados e os cantos dos pássaros
o sono de tranquilidade aos olhos que
abertos
sempre fogem


a Ti, alimento de palavras, agradeço-te
com um Sorriso feito luz

Enviado por Tópico
Ro_
Publicado: 29/04/2015 12:30  Atualizado: 29/04/2015 12:30
Membro de honra
Usuário desde: 25/09/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 3985
 Re: •••
Que lindo, poeta!
Um beijinho!


*-*

Enviado por Tópico
RaipoetaLonato2010
Publicado: 30/04/2015 17:42  Atualizado: 30/04/2015 17:42
Colaborador
Usuário desde: 13/03/2010
Localidade: Paulínia-SP
Mensagens: 2788
 Re: •••
Poemas sem título. São espaços que se preenchem e que sangram sem tema ou visão por perto. Dizes-me que são memórias tantas. Digo-te que são de novo os sons dos gestos insondavelmente vertiginosos e breves.
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talvez se insinuem gumes que o vento esculpiu
até algumas aves regressando
mantendo o êxtase que se quer por redescobrir
[adeus que vou partir]
início sempre invisível silencioso. Tuas mãos sabem dos cantos onde a pele se eriça
se encurva cada vez mais

chega a sufocar

invade o todo como um raio que fuzila sem aquela única distração
enquanto algures a loucura interrompe os sons infindos que se querem

libertar. Áscuas escondidas entreabertas e entenebrecidas

'tudo passa até a baforada seca côncava

que a obscuridade dos teus olhos semicerrados
remoinhos
arrepia a cada instante. Cheiram a rosas bravias os gestos dispersos

naquele momento afastando-se como a maré
quebrando lemes
afagando as quilhas de perfil e

o caos
antes esquartejado mas pleno regressa completando alguns espaços ocos que os astros mais longe
refletiam [assim assim]. Espelhos que a água silencia

turbilhão que se espalha sem rota
a porta continua aberta de par em par

tão próxima. Tu nua plena

[¿ porque não inocente momentaneamente]

determinas e dominas o tempo deste meu nada
onde já não sou o eu.

O outro'.



Quem determina nosso tempo de ser tudo e nada? Os deuses que habitam nossas esferas mais íntimas ou demônios das artes dos pintores renascentistas?

- Só os poetas veem imagens no espelho no perdido no fundo do mar.